Wednesday, February 12, 2014

uninvited

Nem sempre que uma porta se fecha, se abre uma janela. 

Porque há portas que se nos fecham na fronte, cadeados que se impõem às fechaduras, emparedados que se erguem em tijolo para que todos os caminhos sejam irrepetíveis. E percebemos que se podemos ser rasurados de uma história sem que lhe seja alterado o sentido, é porque éramos a personagem secundária que ela tinha a mais.

Muitas vezes, o suposto é estacarmos do lado de fora, à mercê de tudo e de nada, à vontade de um destino que afinal não tinha nenhum plano para nós. E de um minuto para o outro temos de nos preparar para ficarmos sem roupa, sem abrigo, sem comida, esmolando, pelos cantos, sorrisos e olhares de desconhecidos que nos confirmem a pulsação, condenados a uma paisagem cheia de pormenores irrelevantes mas que com cujas pequenezas, já sabemos, que nos teremos de familiarizar.

Sabemos que voltamos à imparidade de uma meia existência. Aprendemos que, por muito fortes que nos voltemos a ter em conta, uma bicicleta não corre a uma roda, os pássaros não voam com uma asa e que, por muito que o sal não nos faça falta nenhuma, mas há nada que possamos apreciar sem ele.

Podemos até fazer bluff ou pagar para ver girar o planeta, vezes e vezes sem conta, que ele nunca nos levará ao mesmo sítio. 

E, a custo, podemos achar que já não doí e que até podemos voltar a encarar de peito o mundo, até ao momento em que uma folha se liberta de um galho seco e a sua mera gravidade nos atira ao chão.





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