Wednesday, October 16, 2013

goodbye is such sweet sorrow

Odeio os dias, odeio as noites. As horas e os minutos que os preenchem. Odeio até as manhãs. Odeio qualquer intervalo temporal que não te avizinhe. Tenho saudades tuas a cada instante. És um bocado de mim, ainda não percebeste isso? Que estás em mim, como está a pele, os ossos e o sangue? Não te consigo dissociar das minhas funções vitais. Preciso do teu beijo como do oxigénio para respirar. Preciso de passar as minhas mãos pelo teu rosto, tal como preciso de dormir para aguentar mais um dia que nunca chega. 
Preciso de te olhar, tal como preciso de espelhos retrovisores para conduzir. Preciso do teu calor, tal como da água quente no banho. Fazes-me falta, a cada instante. Às vezes esqueço-me que não te tenho. E, nesses breves segundos, sou livre novamente, novamente consigo sorrir. De outro modo, chove sempre lá fora, estão sempre nuvens, é sempre o fim de qualquer coisa que nunca mais acaba e o início de outra que nunca mais começa. Tudo fica imóvel na monotonia e desinteresse de um universo onde tu não existes. E eu não te consigo largar, tal como não consigo largar uma perna, um braço, um olho. Porque em cada abraço o teu corpo prometeu ao meu que seríamos um do outro, agora e enquanto nos lembrássemos de nós próprios. 

Mas não te consigo mais olhar. Não te consigo mais perdoar. Não te consigo fazer desdizeres e desfazeres o que foi dito e feito. Doeu e é irreversível. Abdicaste de mim muito facilmente, quando eu levantei pedra a pedra, procurando cada sítio onde te escondias, quando lambias feridas em amuo. Não consigo mais carregar este caminho sozinha. Não o vou fazer mais. 
E lembrando-me de todos os pontos da história, não consigo tirar este pensamento da cabeça. E tendo-o, não te consigo olhar. Não te consigo procurar.
Agora é tudo feio e escuro. Agora, eu que consigo sempre tudo, não consigo mais.

Deixo a toalha cair ao chão. E desisto de ti.