Sunday, September 1, 2013

when love is not (strong) engouh

E de repente ouve tudo à sua volta. O silêncio é assustador. Claustrofóbico. O sussurrar das folhas nas árvores mudas é doloroso. Recorda-a constantemente de não haver um sítio para onde fugir. Isto é tudo o que há. Os sons sinistros lá fora e o silêncio pintado nas paredes vazias. Para onde quer que eu olhe, há um cheiro, uma melodia, uma voz. Para onde quer que olhe, há o vazio esmagador em seu redor. 
Não consegue arrancar do peito imagens que ficaram imortalizadas numa fracção de segundo. E ao olhá-las, transporta-se para essa lágrima de tempo onde a perfeição existiu a quatro mãos. 
Meia dúzia de palavras tinem dentro da sua cabeça, tantas letras sem sentido, sem razão, são coisas que não se podem desdizer. O discurso continua, pedras diferentes para seguir um destino já traçado, o som perdura, surdo, sem o ouvir, o coração traduz-lhe por miúdos, pede-lhe para correr, para que levante a dignidade do soalho e vá chorar, escondida.
Todas as frases se traduzem, se aclaram, o peito arde, o estômago aperta, vai continuar assim por enquanto. Pede ao corpo que pare de lhe falar, que pare de lhe pedir o que não lhe pode dar. Pede ao tempo que corra depressa. Que a cure deste mal. 
E quando o pequenino, insolente e indisponível, lhe beija a face e lhe diz ao ouvido, não estejas triste, consegue finalmente acreditar que, por muito que queira, não pode mexer no tempo. 


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