Monday, September 2, 2013

Just breath

Inspirar. Abrir as janelas, deixar o sol entrar, deixar o pó assentar. Ver o por do sol. Gostar de mim. Expirar. Sentir o morno do fim do dia a roçar o meu rosto. Ouvir música, a que dispõe bem. Pensar em branco, deixar o resto onde ele ficou. Deixar rolar. Questionar-me. Querer o que é melhor para mim. Querer apenas o que posso ter. Deixar para trás o passado. Limpar a casa, arrumar os livros. Ter prazer nos pormenores. Beber um vinho. Respirar. Estar sozinha. Melhor, estar comigo mesma e matar saudades da menina leve e compreensiva que me tenho esquecido que sou. Ser feliz sem razões. Libertar os pesos que carrego, sem motivo, às costas. Procurar-me. Ter tempo para me encontrar. Descobrir-me.

Amar primeiro a mim. Aceitar mais, cobrar menos. Sorrir. Rir, especialmente de mim. Aprender. 
Cair. E voltar a levantar-me sem medos. 



Sunday, September 1, 2013

when love is not (strong) engouh

E de repente ouve tudo à sua volta. O silêncio é assustador. Claustrofóbico. O sussurrar das folhas nas árvores mudas é doloroso. Recorda-a constantemente de não haver um sítio para onde fugir. Isto é tudo o que há. Os sons sinistros lá fora e o silêncio pintado nas paredes vazias. Para onde quer que eu olhe, há um cheiro, uma melodia, uma voz. Para onde quer que olhe, há o vazio esmagador em seu redor. 
Não consegue arrancar do peito imagens que ficaram imortalizadas numa fracção de segundo. E ao olhá-las, transporta-se para essa lágrima de tempo onde a perfeição existiu a quatro mãos. 
Meia dúzia de palavras tinem dentro da sua cabeça, tantas letras sem sentido, sem razão, são coisas que não se podem desdizer. O discurso continua, pedras diferentes para seguir um destino já traçado, o som perdura, surdo, sem o ouvir, o coração traduz-lhe por miúdos, pede-lhe para correr, para que levante a dignidade do soalho e vá chorar, escondida.
Todas as frases se traduzem, se aclaram, o peito arde, o estômago aperta, vai continuar assim por enquanto. Pede ao corpo que pare de lhe falar, que pare de lhe pedir o que não lhe pode dar. Pede ao tempo que corra depressa. Que a cure deste mal. 
E quando o pequenino, insolente e indisponível, lhe beija a face e lhe diz ao ouvido, não estejas triste, consegue finalmente acreditar que, por muito que queira, não pode mexer no tempo. 


Voltamos sempre ao princípio

Parece inacreditável que, passados mais de dez anos, eu tenha retomado este blog e conseguido recuperar o seu nome. Foi aqui que tudo começou.
Aqui, e agora, sim. Voltei a casa. Posso agora retomar esta página em branco. 
Tenho muitas histórias para contar. Tenho uma vida inteira. Vou começar devagarinho de onde o deixei. Será um texto a vários actos.

Tenho tempo. Tenho, aliás, todo o tempo. Estou agora a guardá-lo para mim.

Hoje matei pessoas. É preciso fazê-lo quando saem das nossas vidas. E a nuvem desfez-se. Vi à minha frente, sem sombra de dúvidas, o que quero para mim. Foi tarde. Foi trapalhona a forma como conduzi o processo. Ao certo, cobrei coisas que eu própria não consegui entregar.
Deixo-te ir. Porque mo pediste. Porque encobriste o real motivo debaixo de uma desculpa esfarrapada. Isso não posso perdoar. O amor não deixa partir. Se deixar, então é outra coisa qualquer. E porque mo pediste, vou deixar-te ir. Mas sabe. É a ti que eu amo, és tu quem eu quero. Sem reservas. Digo-o com frieza, apesar de doer no corpo todo. Apesar da certeza de não voltar a aninhar-me nos teus braços ou mergulhar na embriaguez do teu olhar.
Encaixota-se e deita-se isto fora. Que não serve, não é crescido o suficiente para vencer o que quer que seja.
Amo-te. Odeio-te. Sai de mim.